
No discurso terapêutico a sombra é um tema constante, mas na prática terapêutica… Na prática ela não é tão confortável quanto no discurso. Na tentativa de cortar caminho para não experimentar a inevitável dor que a sombra carrega, as justificativas são as mais variáveis. Quais são as suas? Se ainda não pensou olhe a de Mulla Nasrudin.
Mulla Nasrudin estava do lado de fora de sua casa, de quatro no chão, revirando desesperadamente a terra. Um vizinho se aproximou e perguntou se poderia ajudá-lo.
– Que está procurando, Mulla? – perguntou o vizinho.
– Perdi minha chave – respondeu Nasrudin.
O vizinho se pôs de quatro no chão para ajudar Nasrudin e durante bastante tempo eles procuraram a chave perdida. Quando pareceu que a busca era inútil, o vizinho se virou para Nasrudin e disse:
– Pense com cuidado, Mulla. Onde exatamente você perdeu a chave? – perguntou.
– Ora, eu a perdi dentro de casa – respondeu Nasrudin.
– Deus do céu! – exclamou o vizinho exasperado – Então por que está procurando por ela aqui fora?
– Porque a luz é melhor aqui – disse Nasrudin.
Conto Extraído do Livro Na Casa da Lua