
“Quando olhamos com nossos olhos, vemos apenas o que nossos olhos podem ver. Quando tocamos com nossas mãos, sentimos apenas o que nossas mãos podem sentir. Quando buscamos a verdade, cegamente esperando descobrir “os fatos reais”, moldamos a realidade às nossas expectativas. Possuindo o conhecimento dos pedaços quebrados, erroneamente presumimos que compreendemos a sabedoria do todo.”
Esta é uma reflexão antiga, baseada numa velha fábula hindu, mas que se mostra extremamente atual e ilustra a permanente propensão humana de desligar-se do todo e buscar respostas nas partes desarticuladas.
Fábula:
Há muitas centenas de anos, um rei e seu
exército viajaram pelas altas montanhas da Índia para mostrar à gente simples
sua riqueza e onipotência. De tudo, o mais impressionante era o pujante
elefante do rei, cujo tamanho e força atemorizaram a ralé.
Um dia o séquito do rei montou acampamento nos arredores de uma pequena aldeia onde todos os habitantes eram cegos. À noite vários homens cegos penetraram às escondidas no acampamento, esperando descobrir a verdade sobre aquela extraordinária criatura, de maneira que pudessem partilhar a descoberta com os vizinhos cegos. Quando voltaram para a aldeia, relataram com grande entusiasmo os fatos que haviam reunido.
– É grande e áspero – disse o cego que havia tocado na orelha do elefante -, e se move na brisa como uma pesada tela de tapeçaria.
– Não, não, realmente não é nada disso – interrompeu o cego que havia passado as mãos na tromba do elefante. – Na verdade é como uma poderosíssima cobra de pele áspera que se enrosca e desenrosca, mas não dá o bote.
– Permita-me discordar – disse o homem que havia tocado nas pernas do animal -, pois é sólido e firme como uma árvore com um tronco áspero e enrugado.
Cada um dos cegos havia tocado apenas uma parte do animal, mas cada um deles acreditava que compreendia o todo. Porque tinham moldado a realidade de acordo com suas percepções limitadas, a verdade permaneceu desconhecida.
Por ELIAS, Jason e KETCHAM Katherine