
Quando afirmo que trabalho com energia e não com as histórias é porque as histórias na maioria das vezes são apenas recortes limitados de fatos, ou às vezes nem fatos são. Portanto não são realidades. A realidade última, ou primeira se preferir, são os registros energéticos que se impregnaram no sistema a partir de uma experiência que pode apenas estar sendo ilustrada por uma história.
Uma expressão usual no universo terapêutico é “tudo é vibração”, que significa que o que sinto está muito além de uma imagem ou de uma compreensão lógica racional. É muito mais uma experiência de sensação com comportamentos vibracionais específicos no corpo, que chamarei de energia. Essa energia fica armazenada no corpo, com forma e comportamento específicos, imperceptíveis para a maioria das pessoas. Prefiro não chamar de inconsciente, pois pode induzir e reduzir à ideia de subcórtex ou áreas ocultas do sistema nervoso central. Na verdade pode estar em qualquer parte do sistema ou organismo.
Essa informação/sensação original por ser reconhecida pelo sistema como uma ameaça, gerará uma lentificação na área específica desse sistema e nesse ponto ocorrerá uma densificação onde o terapeuta energético reconhecerá uma forma, sem fluxo, e portanto com energia acumulada.
Essa forma poderá ficar acumulada por anos sem ser ativada e, portanto, não reconhecida de forma consciente, ou se reconhecida de forma consciente pode ser reduzida à uma tensão local apenas, por exemplo.
Quando ativada por um trabalho terapêutico no qual se altere esse campo ou através de uma vivência com frequência similar no dia a dia, poderá liberar toda a sensação de desconforto ali presente.
A mente racional analítica não entenderá o que está acontecendo, e como ela tem a função de controlar e para controlar ela precisa explicar, começará uma busca desenfreada em seu banco de dados por tudo aquilo que possa fazer sentido. Se não tiver todas as peças no banco de dados, ela poderá tranquilamente imaginar as peças que faltam e criar uma história que faça sentido.
Mas se ainda não estiver convicta, poderá repetir algumas vezes essa história e pronto, uma realidade será construída.
Qual é o problema? A área de densificação não diminuiu com a história, pelo contrário, aumentou. A mente analítica está satisfeita, mas o sistema ficou mais sobrecarregado e com um fluxo ainda mais diminuído.
Por isso precisamos de mais terapeutas aptos a reconhecer e romper esses campos sem tantas histórias para iludir a mente e densificar o corpo.
Só para reforçar um pouco essa forma de trabalho, cito Houzel: “… o cérebro não é uma câmera de vídeo – e lembrar não é reprisar a fita dos sentidos… a memória é reconstruída a cada vez que é chamada, juntando lembranças distribuídas cérebro afora. Acontece também que a imaginação, ou mais exatamente a visualização mental, o ‘ver com os olhos da mente’, usa exatamente os mesmos circuitos que a visão ‘vinda de fora’, e esses circuitos também podem fazer parte de memórias. O que quer dizer que visualizações mentais particularmente vívidas podem deixar traços indistinguíveis dos que seriam deixados pelo evento real.”
Marcos Rogério Marchi – Núcleo de TAME