
“- Qual é o caminho certo, rabi – o da alegria ou o da tristeza? – perguntou um dos discípulos.
– Existem dois tipos de alegria e dois tipos de tristeza – respondeu o rabino. – Se um homem fica desgostoso com suas dores e mágoas, isolando-se e recusando todas as ofertas de ajuda, este é um tipo de tristeza ruim, pois dizem que a Presença Divina não residirá num lugar de rejeição. Mas quando um homem compreende o que perdeu e sofre pela perda com o coração puro, este é um bom tipo de tristeza.
– Da mesma forma – prosseguiu o rabino – um homem que está tão envolvido na busca de prazeres vazios que não reconhece sua falta de substância interior engana a si mesmo. A verdadeira alegria é vivenciada profundamente dentro da alma e não depende de circunstâncias externas ou de bens materiais. Um homem cuja casa se incendiou não passa o tempo lamentando as perdas, mas começa a construir de novo. A cada pedra que ele põe no devido lugar, seu coração se enche de alegria.”
Você compreende com especial pungência a natureza transitória da vida, mas ao enfocar o significado da vida, sabe que dentro de cada fim está contida a promessa de um novo começo. Enquanto as estações e os ciclos da vida mudam à sua volta, você se mantém firme como uma montanha em sua tranquilidade, silenciosamente lamentando o que se foi e ao mesmo tempo abraçando agradecido o que chega para substituir. O distanciamento lhe é fácil, pois sabe que aquilo que perdura é a substância interior e não a forma exterior.
Extraído do Livro Na Casa da Lua