
Em textos anteriores já comentamos que embaixo de toda a manifestação aparente existe o comportamento dos fluxos sutis. O resultado da manifestação é apenas o reflexo desses fluxos, até o nível de consciência é resultado deles. Mesmo não tendo consciência desse mecanismo você será afetado por ele. E partilhando dessa ideia, a dedicação à tarefa de vivenciar a beleza dessa dança que é a vida, encontra algumas dificuldades. Uma delas é achar que existirá um caminho pronto e que é só segui-lo e outra é ter o insight do mecanismo e não dar continuidade vivencial.
Talvez tenhamos alimentado muita esperança na ideia de acordarmos em algum momento e estarmos em frente a um caminho de estabilidades, certezas e sem nenhum obstáculo. Pode ser que exista esse caminho sem espinhos, só não tive a felicidade de encontrá-lo.
Essa crença pode ser motivadora de início, mas traz algumas armadilhas.
Uma delas é ter uma experiência intensa num setor da vida e assim esperar que essa intensidade permaneça inalterada porque você encontrou o caminho. Quando a intensidade começar a não sustentar-se mais, poderá pensar que aquela sensação desapareceu porque o caminho estava errado.
Se estiver atento aos movimentos da energia, perceberá que só existe a expansão porque existe a contração. Portanto, como posso pensar em intensidade em qualquer caminho sem sua contraparte de recolhimento? É um conceito básico da energia. A não compreensão desse conceito nos faz correr o risco de passar uma vida inteira apenas iniciando caminhos e não fazendo nenhuma caminhada.
Alguns nem ao menos arriscam colocar o pé na estrada, pois o que esperam é que alguém traga o caminho até eles e, mais do que isso, lhes dê garantias de que esse é o seu caminho. Enquanto não tiver todas as garantias, os caminhos se amontoarão à sua frente juntamente com inúmeras dúvidas. Resultado: alguém que nunca terá coragem de colocar o pé na estrada.
Além do mais, nem acredito que exista um caminho para você! Acredito sim que temos que construir o nosso próprio caminho com todas as oscilações próprias de uma jornada. Para dar continuidade à jornada, o mais importante é o compromisso pessoal que tenho na vida. Ninguém constrói nada sem um compromisso pessoal claro. E lembre-se, compromisso é a sua palavra com você mesmo, portanto não há certo ou errado.
O compromisso dá direção à sua mente e sua mente dá ordem ao fluxos das energias. Portanto, se quiser organizar e sustentar seus fluxos, entender sua visão de mundo e construir um caminho próprio, primeiro saiba qual ou quais são seus compromissos. Você poderá optar por não tê-los, mas ficará preso no caminho que os outros construíram.
Sabendo que a sensação agradável ou desagradável que experimento em todos os meus corpos é o resultado dos fluxos, ter compromisso é, de certa forma, ter algum domínio sobre a minha energia e minhas sensações.
Se tiver curiosidade faça o teste, pergunte a alguém que está tomado pela angústia, desânimo ou outras desarmonias de ordem emocional: Qual é o compromisso da sua vida? E espere a resposta…
E você? Qual é o compromisso que te move?
Marcos Rogério Marchi – Núcleo de TAME