
Uma ferramenta por melhor que seja é apenas um instrumento que facilita a tarefa de quem a maneja. Ela exige o desenvolvimento do seu operador. Algumas se adaptam melhor outras nem tanto, dependendo das características de cada pessoa. Mas ninguém desenvolve a maestria sem o exercício e dedicação com aquele instrumento.
O desenvolvimento pessoal não foge a regra, é preciso dedicação e um grau de disciplina pessoal, por mais que existam muitas promessas para um atalho com resultados rápidos para essa tarefa. São muitos os rituais e fórmulas terapêuticas que prometem o poder da transformação, até com experiências interessantes e rápidas. A questão é quanto tempo sustenta-se esta postura, pois não é difícil iniciar uma mudança e sim sustentá-la. E para a sustentação precisamos de exercício e ninguém pode fazer o exercício por nós. Por mais que existam aparelhos que auxiliem externamente o exercício, a vontade e a dedicação são internas e não podem ser transferidas.
Se você deseja uma transformação pode até encontrar auxílio externo em terapias, religiões, vivências, práticas com alteração de consciência e daí por diante, mas lembre-se pode não passar de um ritual se não tiver uma sustentação interna. Não espere que alguém ou algo venha fazer a faxina que lhe cabe.
O exercício pode começar através da sustentação da minha palavra ao assumir um compromisso comigo mesmo. E, para isso, não existe ritual ou técnica que atue por si só. Neste exercício a mente superficial pode criar justificativas para quebrar o compromisso ao perceber que o conteúdo a ser expurgado é muito ameaçador e doloroso. A mente te levará para outra promessa de solução mais fácil, que venha de fora, sem precisar passar por este ponto.
Swami Kriyananda trazendo Yogananda faz uma observação muito interessante que ilustra a questão. O tempo passa, a tecnologia avança, mas o mecanismo interno parece não alterar muito.
“Buda surgiu num tempo em que os homens passaram a depender dos rituais védicos de tal maneira que esperavam favores divinos repetindo cerimoniais e fórmulas orais sem fazer nenhum esforço em prol da purificação pessoal e da autotransformação. Sua crença não passava de superstição. Buda não se insurgiu contra os Vedas em si: insurgiu-se contra aqueles que dependiam excessivamente das práticas exteriores ali preceituadas.
Jesus Cristo veio ao mundo quando os judeus pensavam que apenas pela obediência a regras religiosas – e de novo, sem autopurificação – agradariam a Deus.
Maomé apresentou-se a um povo mergulhado na idolatria supersticiosa – povo que também não via a necessidade de autopurificação.”
Aqui fica um convite para a reflexão: Observe seu íntimo e pergunte, quantas vezes desejo uma harmonia externa sem criá-la antes no meu interior? E lembre-se, só quem domina a energia interna consegue o efeito no externo.
Marcos Rogério Marchi – Núcleo de TAME