
Quando se fala em energia é muito comum associarmos com a imagem de uma bateria ou uma fonte isolada gerando corrente para um equipamento. Essa é uma estrutura mecanicista em que divide um sistema e o estuda por partes. Nessa visão existe uma parte que produz a energia e outras partes recebem a ação da mesma. Na visão da filosofia oriental o conceito de energia é bem diferente. A energia vital é o próprio fluxo, são os movimentos sutis que estão por debaixo da aparência ou se preferir da forma. Isso faz a total diferença pra quem adentra esse universo, pois o intelecto treinado para a lógica cartesiana e sua metodologia, que é boa parte da metodologia científica, não consegue captar esse fenômeno.
Utilizando o conceito de energia enquanto bateria, quando há a diminuição neste nível, imediatamente procura- se repor através de outra fonte, por exemplo, aumentando os alimentos no seu corpo. Muitos já perceberam isso e induzem a ingestão de grandes quantidades de suplementos com as mais variadas combinações como solução para aumentar a energia. Um excelente mercado por sinal. Por exemplo, toda vez que experimentar o esgotamento (e seu fiel escudeiro o desânimo), o que muitos até associam com depressão, o automatismo do pensamento leva à reposição de algum estimulante. Mais do que normal não? Se a energia baixou tenho que me conectar a uma fonte e recarregar. Será que isso não me leva a confundir energia vital com energia calórica?
Porém quando olho a energia pela ótica da tradição oriental, um fluxo sutil e livre pulsando e nutrindo estruturas, a abordagem do autoconhecimento muda muito. Ao experimentar a sensação do esgotamento, a primeira coisa que farei é parar e identificar em que parte do organismo os fluxos deixaram de existir, o que bloqueou esses fluxos. E, sem esses fluxos não existe a energia, pois o que se chama de energia é o próprio fluxo. Por isso a mente da maioria das pessoas não consegue entender a ideia de que um mestre ao ingerir menos alimentos tem mais energia, pois o excesso de alimentos é inclusive um bloqueador da energia.
Muitas vezes os bloqueadores são o excesso de atividades mentais desorganizadas ou sentimentos aos quais me aprisiono. E, sem fluxo, o que experimentamos é dor, angústia e vazio. Quem conhece esse mecanismo sabe que a solução não está numa fonte externa. Não se distrairá com os sintomas e as análises e conceitos de dicionários sobre o que está sentindo ficarão em segundo plano. Quem entende esse mecanismo buscará onde esses fluxos estão lentificados ou bloqueados, pois compreende que o que percebe na aparência é resultado do que está oculto.
O que faço para cuidar dessa energia? Crie uma ferramenta para reconhecer quando e onde esses fluxos estão bloqueados ou busque alguém que conheça dessas ferramentas. Nos encontros vivenciais da filosofia do TAME temos observado que todos que se entregam à prática, sem exceção, desenvolvem a habilidade para reconhecer e restabelecer esses fluxos.
Na próxima semana, no texto ‘Falando sobre Energia – Parte 3’, falaremos sobre Energia e Consciência.
Marcos Rogério Marchi – Núcleo de TAME