
Na tradição das filosofias milenares orientais encontramos o conceito de que por debaixo das formas aparentemente estáveis (chamadas de ilusão) existem fluxos constantes e ininterruptos que são a sustentação da vida. Esses fluxos são conhecidos como energia vital. Se pararmos esses fluxos, a energia e por consequência a vida, deixam de existir. Portanto, a energia vital, que gera a manifestação perceptível é o próprio movimento.
Porém, como citado na parte 1 desse texto, a nossa estrutura de pensamento se construiu baseada na ideia de que existe algo estável e estático. E a busca é constante por essa verdade fixa. Por mais que tenham tornado-se familiar teorias de relatividade nos últimos anos, e racionalmente se aceita a ideia de que tudo é mutável, não temos ferramentas no dia a dia para enfrentar esse monstro: a impermanência das coisas.
A questão é ‘Se compreendo essa dinâmica da vida por que acredito que encontrarei algo estático, um significado para lidar com ela? ’. Isso é apenas a mente buscando o controle e limitando a realidade. Ela pode encontrar um significado, mas esse significado não pode ser confundido com uma verdade última para lidar com o mundo. Na maioria esmagadora das vezes é apenas um significado para dar segurança temporária para a própria mente. É apenas uma ilusão da mente acreditando que de agora em diante estará no controle.
Quem está aberto à vida e entende a proposta do TAME, compreende que o universo tem algumas leis de funcionamento, e que estas leis são dinâmicas. Entende também que a realidade da vida é um fluxo contínuo e oscilatório e observa o fluxo das manifestações e sensações. E, tornando-se um observador aprende o exato momento de interagir com essa realidade.
A tentativa infindável de dar significado a todos os movimentos da vida é a ação controladora da mente, enquanto que a confiança em observar e seguir o fluxo impermanente e oscilatório de cada dia é que trará a verdadeira sensação de segurança.