
Respirar apressado e alargar os passos são expressões que simbolizam a ansiedade de quem respira mais rápido do que precisa para se manter vivo, e de quem anda mais rápido do que precisa para se locomover. O que apressa o ritmo natural da respiração e dos passos de uma pessoa são as suas alterações emocionais, sua ansiedade e a necessidade que ela sente de atender às exigências do ego, satisfazendo todos os seus apegos.
Estes dois versos iniciais falam da pressa e da naturalidade. Tudo que é feito com pressa, fora do seu tempo natural, acarreta o desequilíbrio e ganha superficialidade porque no mundo, toda manifestação tem seu tempo próprio e exato para acontecer. Quem respira de modo apressado utiliza muita energia para respirar; por isso, rapidamente se cansa e perde seu ritmo natural, desconectando-se temporariamente do ambiente em que se encontra. Esta atividade apressada, fora de sintonia com as Leis da Naturalidade, traz desgastes para o organismo da pessoa e antecipa sua decadência física, energética e mental, aproximando-a da morte; por isso, o primeiro verso diz: “Quem respira apressado não dura”. Da mesma forma, a pessoa que dá um passo maior do que pode ou deve também se cansa rapidamente e não completa sua caminhada no Tao, e este é o sentido do segundo verso, que diz: “Quem alarga os passos não caminha”. O Caminho Espiritual Taoista tem seu próprio tempo natural para ser percorrido, o tempo da Naturalidade, conforme as condições de vida e de dedicação da pessoa à sua prática; assim, quem não segue o Caminho dentro do seu tempo natural, não consegue acompanhar o ritmo do Tao e, por isso, não caminha.
Comentado por Wu Jyh Cherng